Oi, migos, como vão?
Hoje estou aqui (depois de mais um hiatus imenso, perdão) para falar sobre um dos maiores e mais comentados clássicos do nosso país, escrito por um dos melhores autores da literatura brasileira (e, particularmente, meu favorito): Dom Casmurro, de Machado de Assis!
Hoje estou aqui (depois de mais um hiatus imenso, perdão) para falar sobre um dos maiores e mais comentados clássicos do nosso país, escrito por um dos melhores autores da literatura brasileira (e, particularmente, meu favorito): Dom Casmurro, de Machado de Assis!
O livro nos leva em uma espécie de tour psicológico pelo desenvolvimento da relação entre Bentinho e Capitu, que começou como uma história de amor muito belezinha, mas que terminou com uma atmosfera de muita desconfiança e até mesmo de ódio.
Bento e Capitu sempre foram muito próximos, crescendo praticamente juntos, e, ao chegarem à adolescência, perceberam que o que sentiam um pelo outro era, na verdade, amor. Acontece que, quando ele nasceu, sua mãe fez uma promessa que envolvia, como parte do cumprimento, mandá-lo para um seminário quando ficasse mais velho, para que ele se tornasse padre.
Não precisa nem dizer que essa promessa tornou-se um enorme empecilho para o relacionamento dos jovens. Traduzindo, bugou completamente o rolê dos dois. Bentinho, sem muita voz ativa para enfrentar a mãe sobre as decisões que envolviam sua própria vida, nada fez para tentar mudar isso, e lá foi para o seminário, sendo separado da amada.
Ele não se torna padre, vale ressaltar, mas, pelo menos, o seminário serviu para que conhecesse aquele que vem a ser seu melhor amigo, Escobar (que, by the way, também não vira padre).
Depois de muito tempo, já adultos, Bentinho finalmente se casa com Capitu, com quem tem um filho. Sua família e a de Escobar eram muito próximas e, quando o rapaz morre, todos estão presentes no velório. É aí que tudo começa a desandar.
Bentinho sempre deixou transparecer que é um homem muito ciumento (bem inseguro com relação ao próprio taco, digamos), mas o ciúme atinge seu ápice ao ver a esposa chorando pela morte do amigo. Ele enxerga, no jeito com que Capitu sofre pelo defunto, o sofrimento de quem perdeu o amado, e, à partir de então, torna-se desconfiado de um jeito bem doentio, chegando até mesmo a acreditar que seu filho é, na verdade, filho do melhor amigo.
Bento e Capitu sempre foram muito próximos, crescendo praticamente juntos, e, ao chegarem à adolescência, perceberam que o que sentiam um pelo outro era, na verdade, amor. Acontece que, quando ele nasceu, sua mãe fez uma promessa que envolvia, como parte do cumprimento, mandá-lo para um seminário quando ficasse mais velho, para que ele se tornasse padre.
Não precisa nem dizer que essa promessa tornou-se um enorme empecilho para o relacionamento dos jovens. Traduzindo, bugou completamente o rolê dos dois. Bentinho, sem muita voz ativa para enfrentar a mãe sobre as decisões que envolviam sua própria vida, nada fez para tentar mudar isso, e lá foi para o seminário, sendo separado da amada.
Ele não se torna padre, vale ressaltar, mas, pelo menos, o seminário serviu para que conhecesse aquele que vem a ser seu melhor amigo, Escobar (que, by the way, também não vira padre).
Depois de muito tempo, já adultos, Bentinho finalmente se casa com Capitu, com quem tem um filho. Sua família e a de Escobar eram muito próximas e, quando o rapaz morre, todos estão presentes no velório. É aí que tudo começa a desandar.
Bentinho sempre deixou transparecer que é um homem muito ciumento (bem inseguro com relação ao próprio taco, digamos), mas o ciúme atinge seu ápice ao ver a esposa chorando pela morte do amigo. Ele enxerga, no jeito com que Capitu sofre pelo defunto, o sofrimento de quem perdeu o amado, e, à partir de então, torna-se desconfiado de um jeito bem doentio, chegando até mesmo a acreditar que seu filho é, na verdade, filho do melhor amigo.
Daí vem a clássica pergunta: Capitu traiu ou não? E a resposta mais clássica ainda: não sei. Ninguém sabe.
Essa dúvida é plantada de maneira genial por Machado. De certa forma, ele nos dá motivos para acreditar nas duas possibilidades, e nunca, em momento algum, fica explícita a resposta para a grande questão.
Quando eu era mais novo, eu acreditava que fosse um segredo universal que todos aqueles que leram o livro guardavam para si, como um spoiler que, se fosse dado, tiraria toda a graça da coisa. Mas a verdade é que a resposta não está lá! Quer dizer, está. Mas não está.
Pra começar, a narração é em primeira pessoa, o que já deixa qualquer conclusão muito mais difícil. Bentinho é um narrador nem um pouco confiável. Primeiro, porque é bem louco de ciúmes, então é claro que, vendo por seus olhos, qualquer coisinha que Capitu faça pode parecer uma coisona enorme. Segundo, por mais e mais motivos que não vou contar porque, né, faz parte da graça do livro.
Por outro lado, Capitu é descrita como uma mulher bem espertinha desde sempre, que sabe fingir muito bem, quando precisa. E, assim como disse sobre Bentinho, há mais alguns motivos cuja descoberta dá graça ao livro.
Particularmente, acredito que ela não traiu. Mas essa conclusão não passa de achismo, e isso é um dos principais fatores que perpetuaram Dom Casmurro como um dos maiores livros da nossa literatura, conseguindo se manter vivão até hoje e prometendo continuar assim até, tipo, sempre.
É uma narrativa lenta, não nego, mas isso se deve principalmente ao fato de ser muito reflexiva, o que torna a leitura muito gostosa de se acompanhar. Se você, assim como eu, preza pela profundidade dos personagens, e gosta de acompanhar character development, esse livro é um prato mais do que cheio!
Machadão faz uma verdadeira viagem pelos pensamentos mais obscuros de Bentinho, e nos sentimos realmente imersos. É muito interessante a maneira como os lugares e a aparência física parecem nem ter tanta importância, mas os olhares, os gestos mais repentinos, tudo ganha muita atenção e faz toda a diferença (Capitu, por exemplo, tem os olhos como uma de suas principais características, como se fossem a janela de sua alma). Para quem se interessa por psicologia, está aí outro prato cheio.
Mas, já aviso: é um livro que não deve ser lido como qualquer outro. Deve-se estar sempre atento às entrelinhas. Nada é desperdiçado, e as palavras estabelecem uma harmonia perfeita entre si, como se fossem escolhidas com o maior dos cuidados por parte do autor para dar o efeito desejado.
Essa dúvida é plantada de maneira genial por Machado. De certa forma, ele nos dá motivos para acreditar nas duas possibilidades, e nunca, em momento algum, fica explícita a resposta para a grande questão.
Quando eu era mais novo, eu acreditava que fosse um segredo universal que todos aqueles que leram o livro guardavam para si, como um spoiler que, se fosse dado, tiraria toda a graça da coisa. Mas a verdade é que a resposta não está lá! Quer dizer, está. Mas não está.
Pra começar, a narração é em primeira pessoa, o que já deixa qualquer conclusão muito mais difícil. Bentinho é um narrador nem um pouco confiável. Primeiro, porque é bem louco de ciúmes, então é claro que, vendo por seus olhos, qualquer coisinha que Capitu faça pode parecer uma coisona enorme. Segundo, por mais e mais motivos que não vou contar porque, né, faz parte da graça do livro.
Por outro lado, Capitu é descrita como uma mulher bem espertinha desde sempre, que sabe fingir muito bem, quando precisa. E, assim como disse sobre Bentinho, há mais alguns motivos cuja descoberta dá graça ao livro.
Particularmente, acredito que ela não traiu. Mas essa conclusão não passa de achismo, e isso é um dos principais fatores que perpetuaram Dom Casmurro como um dos maiores livros da nossa literatura, conseguindo se manter vivão até hoje e prometendo continuar assim até, tipo, sempre.
É uma narrativa lenta, não nego, mas isso se deve principalmente ao fato de ser muito reflexiva, o que torna a leitura muito gostosa de se acompanhar. Se você, assim como eu, preza pela profundidade dos personagens, e gosta de acompanhar character development, esse livro é um prato mais do que cheio!
Machadão faz uma verdadeira viagem pelos pensamentos mais obscuros de Bentinho, e nos sentimos realmente imersos. É muito interessante a maneira como os lugares e a aparência física parecem nem ter tanta importância, mas os olhares, os gestos mais repentinos, tudo ganha muita atenção e faz toda a diferença (Capitu, por exemplo, tem os olhos como uma de suas principais características, como se fossem a janela de sua alma). Para quem se interessa por psicologia, está aí outro prato cheio.
Mas, já aviso: é um livro que não deve ser lido como qualquer outro. Deve-se estar sempre atento às entrelinhas. Nada é desperdiçado, e as palavras estabelecem uma harmonia perfeita entre si, como se fossem escolhidas com o maior dos cuidados por parte do autor para dar o efeito desejado.
Tive que ler para a escola, mas, sem dúvidas, foi a melhor leitura obrigatória que já tive na vida!
Recomendo muito, mas, já que pode não ser um livro que você lerá como lazer em uma tarde ensolarada de domingo, digo pelo menos que não reclame quando seu colégio te mandar lê-lo, e não perca essa oportunidade com resumos ou com uma leitura rasa. Você nem imagina a joia que terá em mãos!
Espero que tenham gostado, até a próxima ;D
P.S. E aí, traiu ou não?