domingo, 29 de março de 2015

Filme da Semana: 12 Anos de Escravidão



Oi, como vai?
Hoje estou aqui, no retorno da minha coluna dominical (depois de uma semana de hiatus para dar lugar ao meu sorteio), para falar sobre o incrível 12 Anos de Escravidão!
O filme nos conta a história real de Solomon Northup, um grande violinista negro e livre que vive com sua mulher e os dois filhos em Nova York em um período em que a escravidão ainda tomava conta de metade dos EUA. 
Sua vida começa a mudar quando ele recebe a proposta de dois homens para trabalhar em um circo que passaria pelo sul do país. Vendo aí uma grande oportunidade, Solomon aceita. Porém não imaginava que isso era apenas um pretexto usado para sequestra-lo e entrega-lo a vendedores de escravos.
Ele é vendido primeiramente a Ford (interpretado por Benedict Cumberbatch), que, de um jeito meio torto, acaba sendo bom para ele. Mas problemas com um dos capatazes do senhor faz com que ele seja vendido a Epps (interpretado por Michael Fassbender), onde passa a maior parte de seus anos como escravo e onde conhece Patsey, uma escrava jovem e eficaz que é frequentemente assediada e abusada pelo seu senhor e, por conta disso, maltratada pela senhora.
Dessa forma Solon passa doze anos de sua vida, impossibilitado de fazer contato com sua família e vivendo as mais terríveis atrocidades nos campos de algodão americanos.



Pode parecer um filme chato, eu sei, mas não só não tem nada de chato como é interessantíssimo e incrivelmente bem feito. Como falei em meu post sobre Capitão Phillips, por ser uma cinebiografia já sabemos como terminará, mas isso não minimiza a emoção que sentimos ao assistir, a apreensão pelos personagens e a vontade de acompanhar e descobrir o desfecho.
As atuações são espetaculares, com destaque, obviamente, para Chiwetel Ejiofor e Lupita Nyong'o, respectivamente Solomon e Patsey. Ela, aliás, recebeu o Oscar por Melhor Atriz Coadjuvante, prêmio que, ao final do longa, vemos ser muito merecido.
Patsey é uma das personagens mais sofredoras de todos os filmes que já vi, e merece tanto destaque quanto o protagonista: além do assédio de Epps, ela é constantemente maltratada pela esposa dele, interpretada por Sarah Paulson (atriz que conheci em American Horror Story e adoro). Determinadas cenas chegam a ser doentias e extremamente perturbadoras, e o elenco representa com tanta perfeição que não há como não sofrer junto. E esse sentimento de pena com uma pitada de revolta são intensificados quando nos lembramos de que se trata de uma história real e que, há muitas e muitas décadas, alguém realmente passou por tudo aquilo. Não somente os personagens retratados no longa, mas a imensa quantidade de escravos (tanto nos EUA como aqui mesmo, no Brasil), além daqueles negros que, mesmo sendo livres, acabaram sendo sequestrados (por homens que, por viverem em um lugar onde a justiça favorece o branco, sequer foram condenados por isso) e transformados em escravos.
É, certamente, um filme que te fará pensar muito sobre essa questão, e que te apresentará uma maravilhosa história de superação que precisa ser conhecida. Extremamente recomendado!

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

domingo, 22 de março de 2015

Resenha + Sorteio: O Limiar, David Baldacci

Excepcionalmente neste domingo, não teremos o Filme da Semana, mas para dar lugar a uma novidade muito bacana!

Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre O Limiar, de David Baldacci, um dos lançamentos do mês que me foi enviado pela editora Gutenberg!
O livro nos conta a história de Vega Jane, uma garota de 14 anos que tem mais responsabilidades do que seria natural para a sua idade, tendo que trabalhar para sustentar a si e ao seu irmão. Ela vive no vilarejo de Artemísia, um lugar relativamente pacífico (porém cheio de injustiças e não tão bom para se viver), cercado por uma densa e perigosíssima floresta chamada Pântano, onde vivem criaturas terríveis que atacarão qualquer um que se aventurar por lá. Dessa forma, os habitantes (chamados de wugs) vivem presos na cidade, sem saber o que há além dos limites do Pântano, ou se há alguma coisa de fato. 
Vega, de certa forma, se conformava em viver assim, até que vê um de seus amigos fugindo do vilarejo. E tudo fica ainda mais estranho quando descobre que ele a deixou um mapa do Pântano e um livro contendo informações sobre as criaturas que lá viviam e meios de atravessa-lo. 
Enquanto nossa protagonista tenta descobrir o que há para além do limiar da cidade, deverá lidar também com os membros do Conselho, que querem tornar a população cada vez mais submissa e presa dentro dos limites de Artemísia. 
Daqui em diante, não darei mais detalhes, afinal o livro apresenta reviravoltas a cada capítulo e não quero dar o mínimo spoiler sequer!



É um livro agitadíssimo, para começo de conversa. A todo momento alguma coisa está acontecendo, e é um daqueles livros fáceis de se devorar. A escrita de Baldacci é agradável, tornando a leitura fluida mas sem uma linguagem bobinha. 
Uma coisa que achei bem interessante foi a maneira como o autor criou um vocabulário único para a história, dando um nome diferente aos cidadãos do vilarejo, aos minutos, a diversos animais e bestas que só existem no universo da história.
Mesmo que toda essa imaginação torne a leitura empolgante e diferente de qualquer outra obra, em certos momentos me fez pensar que o autor escreveu o livro sob o efeito de alucinógenos. Isso porque muitas cenas beiram o surreal, mesmo para um livro de fantasia. Embora sejam bem descritas, as cenas narram acontecimentos que deixam o leitor com a clássica expressão de "what the fuck?" no rosto, mas isso não é necessariamente negativo. Isso torna a leitura mais empolgante, e me deixou ávido por algumas respostas que espero encontrar na sequência.
Sim, O Limiar é o primeiro livro do que promete ser uma trilogia. Isso me deixou desanimado no início, porque cansei de distopias adolescentes e livros do gênero. Mas a obra não é distópica, e sim de ficção fantástica, e Vega Jane não é uma protagonista como outras do gênero, mas uma garota encrenqueira e muito corajosa por quem não há como não torcer.
A única coisa que me desanimou neste livro (mas não é uma reclamação desta obra em si, e sim de todos os que se encaixam neste caso) é o fato de ficar 100% claro quem é a protagonista e, por isso, tudo que há na história sempre acontecer com ela. Todos os lugares que nos são introduzidos ou apenas citados serão, em algum momento, visitados por ela, e é ela quem passará por todos os problemas imagináveis. Dessa forma, sempre que Vega entra em perigo de vida, mesmo que a maneira como ela irá se safar daquilo seja uma completa surpresa, já sabemos que ela não morrerá. Podemos ficar sem fôlego pelas ações dela, mas não chegamos a temer por sua vida de fato, afinal, se ela morrer, o livro acabará naquele ponto, o que sabemos que não acontece. Mas esses momentos de risco à vida são necessários em qualquer obra, e são eles que dão a agilidade que torna O Limiar impossível de largar. 
Mesmo que certos acontecimentos acabem desafiando de forma louca a realidade, não há como não se deixar levar pela narrativa, e não só recomendo como presentearei um dos leitores do blog com um exemplar do livro!

Sim, caros amigos, agora vem a segunda parte do post. Recebi dois exemplares de O Limiar e, mesmo que a Gutenberg não tenha me especificado nada ou me "mandado" sortear o livro, resolvi fazê-lo. Como nunca realizei nenhum sorteio aqui no Mundos na Estante, aceito sugestões e avisos caso esteja cometendo algum erro.
Para participar, você deverá:

1. Morar no Brasil;
2. Comentar pelo menos 5 (cinco) posts no meu blog, deixando seu email como assinatura para que eu possa saber quem você é e entrar em contato com o ganhador. Este post pode ser um dos comentados!

Estabeleci somente essas duas regrinhas porque nem todos possuem blog para me seguir aqui e eu não tenho página no Facebook para pedir para curtirem ou coisa parecida. O único requisito serão os comentários. O sorteio começará hoje e irá até o dia 4 de abril, um sábado, no qual farei um post com os resultados e enviarei o exemplar. Clique abaixo para participar!

a Rafflecopter giveaway Espero que tenham gostado, que participem, e boa sorte a todos!

Até a próxima ;D

sábado, 21 de março de 2015

Primeiras Impressões: A Playlist de Hayden

Oi, como vai?
No mês passado a editora Novo Conceito me enviou o release de A Mais Pura Verdade que, como vocês devem ter percebido, não foi uma experiência muito agradável. Pensei que era somente como um "prêmio de consolação" àqueles que não conseguiram parceria, mas há alguns dias, surpreendentemente, recebi outro release da editora: A Playlist de Hayden, livro que, ao contrário do anterior, amei!
A Playlist de Hayden nos conta a história de Sam, um garoto meio nerd que só tem um amigo, o inseparável Hayden. Os dois são aquele clássico grupo de nerds dos colégios americanos, que sofrem bullying dos valentões babacas e gostam de jogar RPGs. 
A relação que Sam e Hayden constroem faz com que a amizade um do outro seja o suficiente, sem que precisassem de outros amigos ou se deixassem levar por toda a zoação que sofriam. Isso é o que Sam pensava.
Depois de uma festa, os dois têm uma grande briga sobre a qual ainda não sabemos muito (o release contém as primeiras 86 páginas do livro de 288), os dois se separam e, no dia seguinte, quando Sam vai até a casa de Hayden, o encontra morto em sua cama. O garoto cometeu suicídio e, no chão ao seu lado havia um pen drive com um bilhete. No pen drive, Hayden montou para Sam uma playlist, que este deverá ouvir enquanto busca o porquê do suicídio e tenta superar a morte do único amigo. 
Tudo já estava muito estranho, até que Sam descobre Astrid, uma garota muito legal e descolada que se diz amiga de Hayden, mas que não quer contar onde ou como o conheceu, e o porquê de o amigo nunca tê-la mencionado. 


Daqui em diante não darei mais detalhes, nem tanto para não dar spoiler, mas para ter o que falar na resenha do livro completo, que certamente quero ler! 
Além da história, que achei bastante intrigante e cujo desenrolar estou curiosíssimo para descobrir, achei a maneira como o livro foi montado bem bacana: cada capítulo é uma das músicas da playlist de Hayden, que já me fez descobrir muitas músicas ótimas. 
Quando comentei com amigos a história, muitos se lembraram na hora do livro Os 13 Porquês, no qual uma garota se mata e deixa a todos aqueles, que, de alguma forma, contribuíram para isso, fitas com uma espécie de acusação. Deste livro não gostei nem um pouco, e creio que A Playlist de Hayden não tenha nada a ver. No primeiro, temos uma garota dizendo a muitas pessoas "olha, eu me matei por sua causa", enquanto neste temos apenas músicas, que foram deixadas ao amigo por algum motivo que ainda descobriremos. 
A autora constrói muito bem a atmosfera de suspense, e estou cada vez mais curioso para saber como terminará!
A Playlist de Hayden será lançado no dia 6 de abril!

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

sexta-feira, 20 de março de 2015

Vamos falar sobre: Insurgent



Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre um dos filmes cuja estreia mais aguardei em 2015 e, infelizmente, um dos piores a que assisti no ano, Insurgente.
É doloroso falar uma coisa dessas, especialmente quando se trata da adaptação de livros que eu gosto tanto e da sequência de um filme do qual gostei bastante. Mas é mais doloroso ainda dizer que tem pouco do livro que adorei, e mal parece ser sequência do filme do qual gostei bastante também. 
O longa continua contando a história de Tris, Four e seus amigos, que se tornaram refugiados em sua própria cidade e precisam combater o governo quase ditatorial imposto por Jeanine, que passa a caçar divergentes predatoriamente em busca daquele que poderia abrir uma caixa misteriosa, que contém uma mensagem dos fundadores da cidade. 
Enquanto a líder da Erudição empreende esta caça, vemos quase uma conspiração (mais tarde explicarei o porquê do "quase") sendo formada, para que Jeanine fosse deposta do poder e uma revolução fosse instaurada no sistema de facções. Mas, aparentemente, o recado que a caixa traz pode mudar tudo, e daqui não darei mais detalhes, por mais que ache que a maioria já leu à obra de Veronica Roth.



Prior passa, neste filme, pelas facções que nos faltavam conhecer: estava refugiada na Amizade e, de lá, passa pelo alojamento dos sem-facção, pela Franqueza e adentra, finalmente, a Erudição. Ao menos a caracterização das facções foi satisfatória, e conseguimos conhecer aquilo que começamos no primeiro filme. Pena que isso seja um dos únicos pontos positivos que tenho a falar.
Não ficarei enchendo minha crítica com "no livro tinha isso, no filme não tem aquilo", mas, quando isso se alia a um claro interesse comercial do diretor, não posso deixar de relatar aqui as muitas diferenças que o livro apresenta da obra em que se baseou.
Divergente, o primeiro filme, consegue ser uma adaptação bastante fiel e que ainda prende o espectador do início ao fim, se mantendo fiel à realidade criada por Veronica Roth. Este segundo, que já descobri ser de um diretor diferente, é quase o oposto. Muitas cenas incríveis e passagens interessantíssimas do livro foram retiradas do roteiro, mas não por questões de adaptação ou porque daria um filme muito mais longo, mas para dar lugar a cenas que parecem ter saído de um videogame e que não trariam nenhum prejuízo à história caso fossem omitidas. 
Certamente você notou todas essas coisinhas explodindo na nossa cara nos trailers e até mesmo no pôster do filme, que, de início, achei até interessantes mas que, vendo o filme, estragaram tudo. Fica claro o interesse comercial quando você nota o quanto da história foi alterado para dar lugar a cenas que justificam o uso do 3D, que é simplesmente desnecessário. Basicamente, são pretextos para jogar coisas na sua cara e fazer uma profundidade forçada só para justificar às pessoas o fato de estarem pagando mais nos ingressos, mas não agrega nada de positivo para o filme em si.
Essas cenas fazem todas partes de simulações, e agora entendo o porquê do slogan "desafie a realidade". Só que até isso incomodou um pouco. Não tenho problemas com alguns momentos em filmes em que ficamos sem saber se se trata de um sonho/simulação ou a realidade em si, mas isso é explorado ao longo do filme todo, e chega a incomodar o modo como somos feitos de trouxas uma vez atrás da outra. 
Como disse, as cenas feitas parecem fazer parte de um videogame. São movimentos que passam muito longe do natural, mesmo se tratando de simulações, e que só me fizeram perceber que toda a conspiração (explicando, aqui, o "quase" do início) e ideais que no livro são tão bem expressos sejam jogados fora para apenas um filme comercial, absolutamente descartável.
E mais triste ainda é dizer que este mesmo diretor dirigirá os próximos filmes (sim, próximos), Convergente: partes 1 e 2. Até Harry Potter isso de dividir o livro final em duas partes não era explorado, mas creio que nesta saga funcionou bem. Em Jogos Vorazes, acredito que um filme mais longo tiraria a necessidade de duas partes de A Esperança, mas também relevemos. Mas, em Convergente, fica mais uma vez claro que o que pretendem é poder fazer mais filmes simplesmente para lucrar mais, e que isso não trará benefício nenhum para o entendimento da história.
Se um olhar profundo fosse acrescentado ao livro, duas partes seriam muito bem-vindas. Mas é óbvio que isso lhes dará mais tempo para acrescentar todos esses enfeites tão desnecessários em Insurgente.
Uma série de filmes que começou muito bem desandou completamente com as mudanças que foram trazidas e que, teoricamente, serviriam para o bem da trilogia. 
Recomendo? Se você é fã, pode querer ver com seus próprios olhos o estrago que fizeram. Mas não recomendo como um filme em si, independentemente da questão de adaptação ou não. 

Até a próxima ;D

domingo, 15 de março de 2015

Filme da Semana: Valente



Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre este lindo filme da Disney, Valente, que traz uma história um tanto inovadora para os padrões do estúdio.
O longa nos conta a história de Merida, uma princesa bem diferente de todas as outras. Ela tem um instinto aventureiro, preza muito por sua liberdade e está 100% nem aí pra casamento ou para suas obrigações como princesa, que são incansavelmente cobradas por sua mãe. 
Conforme Merida cresce, a pressão que sofre torna-se maior, até que chega o dia em que três lordes chegam ao reino para oferecer a ela seus filhos em casamento. Para conquistar a mão de Merida, eles deveriam participar de um torneio, e, já neste torneio, a garota se mostra completamente diferente do resto do universo Disney.
O tal ato da garota neste torneio (que não contarei, obviamente), porém, é completamente desaprovado por sua mãe, e, depois de uma grande briga, Merida sai do castelo e foge para a floresta, indo parar na casa de uma misteriosa feiticeira. A esta feiticeira, a princesa pede algo que mude sua mãe, afinal não quer ser obrigada a se casar. Mas se esquece de especificar que quer que a >ideia< da rainha mude, e não, bem, a rainha em si.
Sua mãe, então, passa por uma enorme transformação, que a coloca em grande perigo. E, como se não bastasse tamanho problema, se determinada "missão" não for cumprida até o segundo nascer do sol, sua mãe se manterá naquela forma para sempre.



Daí em diante, você precisará assistir para descobrir, o que recomendo muito. Além de ser um filme da Disney (quem não gosta de filmes da Disney?), é uma animação maravilhosa, tanto em conteúdo quanto na estética. 
O longa gira em torno do amor de família, de mãe e filha, mais um motivo pelo qual falei que se diferencia dos outros filmes de princesa. Enquanto em outros filmes (com exceção de Frozen) da Disney temos uma princesa sendo salva pelo amor de um príncipe encantado, em Valente temos uma princesa lutando para salvar sua família.
As animações da Disney (e, com isso, me refiro à Disney e à Pixar) são as melhores por não nos apresentarem somente uma história ou belas imagens, mas uma grande lição por trás de tudo aquilo, representada de maneira doce e inteligente. 
Basicamente, é um filme que beira a perfeição, e se você, assim como eu há algum tempo, ainda não assistiu, o que está esperando?

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

quarta-feira, 11 de março de 2015

Vamos falar sobre: Perdão, Leonard Peacock

Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre Perdão, Leonard Peacock, de Matthew Quick, autor de O Lado Bom da Vida, mais um dos ebooks que li nas férias e que só agora consegui reunir meus pensamentos e opiniões de forma decente para poder escrever sobre!
O livro conta a história do jovem Leonard Peacock, um garoto que passou por certos acontecimentos um tanto "traumatizantes" no início de sua adolescência e que hoje se encontra perturbado, completamente descrente com a humanidade, e que chega a uma extrema decisão: cometer um assassinato, e depois se matar.
Mas antes, nesse célebre dia, Leonard deseja empreender uma jornada, visitando as pessoas que, de alguma forma, fizeram diferença em sua vida, e dando-lhes um presente especial.
Assim, o jovem visita seu vizinho idoso com quem se reunia para assistir a filmes antigos de Bogart, uma garota por quem sentiu um tipo peculiar de paixão, seu professor favorito, que lhe ajudou a desenvolver um pensamento crítico e com quem se identifica muito, entre outros personagens, sempre com a arma nazista que herdou de seu avô na mochila e com uma única certeza: no final do dia, irá usa-la.

É um livro, acima de tudo, muito crítico, trazendo interessantes reflexões e questionamentos acerca da vida em si, do comportamento de adolescentes e adultos, do consumismo, etc. Como é narrado em primeira pessoa, conseguimos mergulhar na maneira que Leonard vê o mundo, e como tudo, para ele, parece sem esperanças.
Em passagens muito interessantes, por exemplo, Peacock comenta que gosta de se vestir como um adulto, pegar uma maleta (vazia) e ir até a estação de metrô no horário em que estão indo e voltando do trabalho. Lá, escolhe aquele que lhe parece mais infeliz para seguir e observar. Isso o mostra que muitos dos adultos são infelizes com seus empregos e suas vidas, e o faz pensar que talvez se tornar um adulto não valha tanto a pena.
É um ótimo livro para pensar, mas aviso: as críticas, embora sejam verdadeiras e pertinentes, não devem ser levadas tão a sério, ou você poderá se tornar alguém depressivo e sem esperanças na humanidade como nosso protagonista. E não é exagero.
Todas esses ideais são expressos em uma narrativa leve, fluida, com interessantes diálogos e, mesmo o final não sendo o mais surpreendente (pela premissa escolhida, não havia muitos caminhos para seguir na conclusão), vale a pena ser lido.
Não é um dos melhores que li no ano, e não se equiparou ou superou O Lado Bom da Vida, do mesmo autor, mas é um bom livro, e não deixa de ser recomendado!

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

domingo, 8 de março de 2015

Filme da Semana: A Teoria de Tudo

Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre A Teoria de Tudo, também um dos maiores ganhadores do Oscar neste ano (sim, o Oscar fornece muitos bons filmes para a minha lista), protagonizado por Eddie Redmayne e Felicity Jones.
O longa nos conta a história do físico Stephen Hawking e sua relação com sua esposa, Jane. Hawking, um dos cientistas mais renomados da atualidade, estudava na universidade de Cambridge quando conheceu Jane Wild, uma aluna de literatura. Os dois viviam uma história de amor como qualquer outra entre jovens dessa idade, até que Stephen descobriu sofrer de uma doença degenerativa, que lhe daria pouquíssimo tempo de vida. 
Os dois, então, ficam ainda mais unidos, se casam e lutam juntos contra sua doença, que, no fim das contas, não o mata em poucos meses, mas o faz perder basicamente todos os movimentos voluntários de seu corpo.
Paralelamente, temos Stephen defendendo sua teoria e buscando uma equação para o surgimento, bem, de tudo no universo. 

A partir daqui não darei mais detalhes, mesmo que o filme seja uma cinebiografia e você provavelmente saiba como termina. Como não acompanho a história do cientista, não sabia, então o filme conseguiu me pegar de surpresa e não quero correr o risco de estragar qualquer surpresa também.
Sobre o longa em si, o primeiro e maior ponto a ser falado e elogio a ser feito é, sem dúvida, o desempenho impecável de Redmayne, que consegue retratar todas as fases do personagem tão bem que torna estranho imaginar que é só uma atuação. E quando vemos uma atuação e não conseguimos conceber a ideia de que é somente isso, aí sim podemos afirmar que foi impecável. 
Embora o desempenho de todos os outros atores seja eclipsado pelo de Eddie, eles não deixam a desejar e também nos apresentam boas atuações, como é o caso de Felicity Jones.
A trilha sonora também é um dos pontos que mais gostei no filme. Foi só encontrar a música instrumental que acompanha o longa que não consigo mais parar de ouvir. Confiram:



Mesmo com todos esses pontos positivos, o filme é cansativo, e por isso, como um longa em si, não foi tudo aquilo que eu esperava e não ficou entre os melhores do ano. Mesmo que eu estivesse acompanhando atentamente, em determinado ponto é como se não conseguisse mais prender tanto a atenção, e precisei pausar e voltar um pouco depois para poder termina-lo. Isso não quer dizer que seja chato, apenas não consegue entreter ao longo de toda a sua duração. 
De qualquer forma, recomendo bastante, juntamente com um pouquinho de paciência para chegar ao final sem cochilar. É quase um privilégio ser brindado com tão boa atuação, e só por isso o filme já vale muito a pena (além de, é claro, poder saber um pouco mais sobre a vida do brilhante cientista). 

Espero que tenha gostado, até a próxima ;D

sábado, 7 de março de 2015

Primeiras impressões sobre A Mais Pura Verdade e bajuladores de editoras


Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre algo bastante polêmico e pelo que certamente muitos blogs podem até me odiar. 
Há algumas semanas, a editora Novo Conceito me enviou um release do livro A Mais Pura Verdade, do iniciante Dan Gemeinhart, e deu a nós, blogueiros, a missão de lê-lo e, ao final, fazer um post com as primeiras impressões para que nos enviassem o livro todo. 
O livro conta a história de um garotinho com uma certa doença que decide fugir de casa (também por um certo motivo que faz parte das descobertas do livro) para viver uma aventura nas montanhas. Basicamente, uma mistura de Extraordinário, de R. J. Palacio (que amei) com Into the Wild. Fiquei muito empolgado com a premissa, e me prontifiquei a ler, já pensando em como seria legal receber o livro da editora, mesmo não sendo um blog parceiro (ainda não tenho 1000 seguidores nem página no Facebook, amigos). 
Pois bem, comecei o livro animado, segui com a leitura, relevando alguns pontos que já me deixaram com um pé atrás, até que cheguei em um ponto em que não conseguia prosseguir, tamanha era a falta de qualidade em tudo aquilo.
Me perdoem a sinceridade, mas me pediram para escrever um post com as minhas primeiras impressões do livro, e é o que farei, para o bem ou para o mal.


A Mais Pura Verdade, para começar, é incrivelmente mal escrito. Eu sei, o personagem principal é uma criança e não teria um vocabulário elevado ou recursos linguísticos machadianos. Mas o livro conta com capítulos alternados, um seguindo o garoto e outro nos mostrando o que está acontecendo com sua família. Esses são os que mais me incomodaram, escritos de maneira muito pobre para a qual tenho duas teorias: 1. o autor talvez tenha tentado criar uma atmosfera onírica, como quando estamos em um flashback ou em um sonho em algum filme ou série e a imagem ganha um certo desfoque, ou outras cores... talvez ele tenha pensado que isso ficaria legal em um livro (não ficou); 2. ele escreve muito mal mesmo.
Sinto dizer que creio na segunda teoria. 
Outro ponto que me incomodou muito foi o quão clichê todas as situações são. É como se Dan tivesse relembrado todas as situações já batidas de tudo o que pode acontecer com um garotinho sozinho e juntasse sem qualquer inovação no livro. O garoto começa sua viagem com planos de filmes de ação e, conforme sua "saga" avança, não é como se descobríssemos nada de novo.
O personagem vai parar em um desses clássicos cafés mal iluminados de esquina dos filmes americanos, com aquela garçonete que masca chiclete de boca aberta e alguns transeuntes aleatórios nos cantos, como um homem bêbado ou um mendigo no balcão. E, sempre nessas histórias, tem alguém que será bonzinho com o personagem perdido. Conte-me novidades.
Depois de saltar para um capítulo mal escrito (como o usual) da família dele, voltamos para a saga de nosso pequeno peregrino, e ele se encontra sozinho, na rua, no meio da noite, com um grupo de malvados parado em um ponto próximo. Adivinhe só o que acontece? Dou-lhe uma chance...
Sim, exatamente, o grupo de malvados segue o garoto. Bate nele. Rouba suas coisas. Deixa-o no chão, depois de apanhar, pensando que morreu. Criatividade para quê, se você pode simplesmente juntar situações prontas?
Como se não bastasse tudo isso, há ainda uma vontade imensa do autor em nos mostrar o porquê de o nome do livro ser A Mais Pura Verdade. Essa frase é repetida ao longo do livro por várias, várias vezes. Chega a ser muito irritante.
Esses são apenas alguns dos exemplos que ilustram meu ponto e que demonstram com justeza minhas primeiras impressões do livro.



Pensei, sinceramente, em não escrever nada sobre. Afinal de contas, a ideia de escrever era para poder ganhar o livro na base dos elogios e, se eu não elogiar, de que serviria?
Ou eu poderia inventar elogios do além, escrevê-los com desgosto, só para que pudesse ganhar o livro futuramente, mas de que isso adiantaria? Eu teria um livro do qual não gosto nem um pouco na estante, e ainda teria violado meus princípios de não mudar minha opinião por causa de editora nenhuma.
Mas resolvi escrever esse post justamente por ver muitas pessoas violando esses princípios (se elas o tiverem). Sim, você pode ter até gostado do livro e achado bem escrito, como já cheguei a ler. Não é minha culpa o fato de muitos terem começado lendo livros bobinhos e simplesmente parado neles. Cada um é cada um. Mas me incomoda o modo como muitos blogs se transformam em prol de editoras, e vi isso em muitos posts de primeiras impressões sobre este livro. 
Venho me segurando para não escrever nada sobre isso desde janeiro, quando o período de parcerias começou, mas agora tudo se juntou e se tornou inevitável.
Nesse tal período de editoras selecionando parceiros, foi incrível como o número de resenhas (positivas, é claro) aumentou muito em alguns blogs. Como todos se desesperavam pedindo seguidores e likes em páginas (não estou falando de retribuição de seguidores, algo que faço numa boa, estou falando de "sigam meu blog, por favor!") só para se mostrarem mais "selecionáveis" que outros (alguns até deixavam esse motivo explícito nas postagens, lastimável). 
Era incrível como, de repente, todas as editoras faziam um ótimo trabalho, como todos os livros dela eram maravilhosos, e como tudo isso diminuiu drasticamente depois que a seleção da maioria das editoras acabou.
Recentemente, tornei-me um parceiro da editora Gutenberg, o que já me rendeu um livro e tudo o mais. Mas consegui isso sendo eu mesmo, Eles gostaram de mim, mesmo sabendo que posso detonar um livro se não gostar. Portanto não estou falando que não se deve tentar parcerias. Isso seria uma enorme hipocrisia. E parceria com editoras é muito legal. Estou falando que é ridículo o modo como muitos blogs se modificam só para serem escolhidos. Como de repente se tornaram robozinhos, babando ovo bajulando as editoras e os livros só para ganharem livros de graça.
Se você tem um blog literário só para ganhar livros, uma dica: baixe ebooks, ou arrume dinheiro e compre os livros. Isso economizará muito trabalho, e ainda nos poupará de muitos blogs vazios de conteúdo e cheios de "interesses comerciais". 
O blog é um dos espaços mais pessoais que existem, no qual você poderá ser 100% você e os outros que se  danem. Se não gostar, é só não entrar. Não se tornem algo que vocês não são só por um punhado de livros de graça. Como diz o novo (e já linchado verbalmente por mim) autor Dan Gemeinhart, esta é a mais pura verdade. 

domingo, 1 de março de 2015

Filme da Semana: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre o espetacular Birdman, um dos maiores vencedores do Oscar deste ano, levando as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. E todos esses prêmios foram perfeitamente merecidos! 
O filme conta a história de Riggan Thomson, um ator muito conhecido pelo papel de Birdman (um famosíssimo super-herói), que recusou o convite para mais uma sequência e agora ingressou no mundo do teatro da Broadway para poder se reconstruir e perder a imagem que o super-herói deixou. 
Em um dos ensaios para esse teatro, que narra o drama de uma família, traições e crises existenciais, um dos atores do elenco sofre um acidente, e é substituído por Mike Shiner, interpretado por Edward Norton. Mike é um grande ator, porém com certos problemas comportamentais nos sets. 
Conhecemos também Sam, interpretada pela deusa Emma Stone, que acabou de sair da reabilitação e já está se envolvendo com drogas novamente, que tem certos problemas com o pai devido à falta de atenção e presença deste em seu crescimento, e que diz boas verdades em um dos melhores e mais profundos diálogos do filme. 
Para piorar, o teatro enfrenta a forte ameaça de uma influente crítica de peças, que odeia a indústria cinematográfica dos blockbusters da qual Riggan veio e promete destruir a peça e sua credibilidade, fazendo com que seja fechada nas primeiras sessões.



Essa é, em suma, a história de Birdman, que já se tornou um forte concorrente de Nightcrawler (confira a crítica aqui) entre os melhores filmes que já vi em 2015. Primeiramente, o que mais chama atenção e o que sempre é comentado em todas as críticas é o modo como foi filmado, completamente diferente do habitual e que rendeu ao longa o prêmio no quesito fotografia. 
O modo como foi gravado é praticamente um plano-sequência, e realmente pensei que fosse, até ler depois que não foi, mas foi feito para parecer um. Plano-sequência é aquele tipo de gravação sem edições nem cortes, em que a câmera é ligada em um ponto e passeia pelo cenário suavemente, fazendo parecer que as duas horas de filme foram gravadas em apenas um take. Nem os cortes mais básicos dos filmes são feitos, o que foi surpreendente e deu um toque muito diferente ao filme. Se lembre daquelas cenas em que dois personagens estão conversando. Geralmente, a câmera fica parada no rosto de um e, quando o outro começa a falar, há um corte e a câmera está apontando para o outro. Em Birdman, a câmera simplesmente se move até chegar ao rosto do outro personagem, mas de maneira sutil. Eu poderia citar diversos outros exemplos de como esse estilo de gravação é completamente diferenciado e muito bom, mas acho que já deu para entender.
Outro ponto que chama muito a atenção e que é uma das melhores coisas do filme é toda a crítica ao próprio cinema que ele traz. Os diretores de filmes "normais" (não digo indies, porque esses já não são feitos para alcançar um sucesso estrondoso mesmo (embora alguns alcancem)) odeiam blockbusters por não apresentarem tanto conteúdo e, ainda assim, monopolizarem a indústria cinematográfica. Os filmes de super-heróis são os maiores exemplos disso, e são criticados de maneira inteligentíssima, que vai desde à fonte do cartaz de Birdman na parede do camarim de Riggan ser igual à fonte dos cartazes de Homem de Ferro (inclusive, em um momento, a luz tampa o "bird" do nome, fazendo parecer que poderia estar escrito Iron Man 3) até ao desfile de personagens fantasiados ridiculamente de transformers e heróis. 
Uma das falas que mais me marcou foi a que a crítica disse para Riggan, depois de discutirem seu "passado" como ator: "você é uma celebridade, você não atua". Continuarei assistindo a filmes de super-heróis e tudo o mais, mas não há como discordar: a maioria dos filmes desse gênero não apresentam atuações boas, um roteiro bom ou tramas complexas e profundas, mas ainda assim atraem muito mais espectadores que filmes inteligentes como este.
Outro tema discutido é justamente a imagem que o ator traz de seu personagem mais famoso. O filme mostra que os atores "mascarados" interpretam por tanto tempo esses personagens por lucro que, quando se dão conta, perderam sua identidade como atores e se tornaram apenas o herói. Essa reflexão trazida não poderia ser mais pertinente, em tempos em que os atores principais de blockbusters famosos buscam papéis cada vez mais diferentes para mostrarem que podem mais e se livrarem da imagem que os deixou estrondosamente famosos.



O roteiro brinca com os atores: Edward Norton, famoso por alguns problemas nos sets, interpreta um personagem que dá problema nos sets. E, principalmente, Michael Keaton, que interpretou o Batman antigamente e anda bem sumido atualmente, interpreta um personagem que interpretou um herói e que agora busca um retorno ao estrelato. 
É incrível o modo como um filme tão crítico ao próprio cinema conseguiu se tornar o maior vencedor do Oscar deste ano. Pelo visto, a Academia também não gosta muito dos blockbusters. 
Esse foi, certamente, a maior crítica de algum filme que já escrevi, mas é digna do filme a que se refere, e não há como não elogiar. Mais do que recomendado! 

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D