domingo, 19 de julho de 2015

The 100: quando a adaptação se torna melhor que o original


Oi, como vão?
Eu geralmente me recuso a acreditar que uma adaptação é melhor que seu original. Sempre que eu leio, por mais que eu goste do filme ou série, eu nunca tinha me deparado com um caso em que o livro seja superado... até agora.
Li The 100 (the hundred, não the cem) alguns dias atrás, bem depois de ter começado a assistir à série (que, aliás, deixei abandonada por um ano e agora voltarei para concluir a segunda temporada), e pude notar tudo o que todos falavam sobre a série ser uma péssima adaptação. Se você é um daqueles que gostam de reclamar das diferenças, The 100 é um prato cheio. Mas não precisei de muita reflexão sobre o livro para concluir que a série consegue ser muito superior ao YA escrito por Kass Morgan.
The 100 conta a história dos humanos remanescentes de uma guerra nuclear que devastou o mundo. Para que a raça humana não fosse extinta, muitas pessoas foram mandadas para a Arca, uma espécie de estação espacial onde foi formada uma nova colônia, com seu próprio governo e rígidas regras. As pessoas vivem estilos de vida um tanto desiguais: enquanto algumas têm certos benefícios, outras são, de certa forma, largadas pelo governo, assumindo as profissões que ninguém mais quer e sendo os primeiros a serem excluídos quando se trata de medidas de emergência. Essa Arca já ficou no espaço por tempo demais, e seus suprimentos finalmente começaram a acabar. A produção já não dava mais conta de suprir todas as necessidades, o oxigênio já não era mais suficiente, entre mil outros problemas. Unindo o útil ao agradável, o governo decide enviar cem adolescentes que estavam presos no centro de detenção para a Terra, tanto como uma forma de diminuir a população para que os suprimentos durassem mais (mas é claro que isso não é explícito) quanto para se instalarem na Terra e descobrirem se o ambiente pode voltar a ser habitado, para que a Arca possa finalmente pousar.



Durante o lançamento desses adolescentes, mil problemas acontecem, mas eis que eles conseguem chegar à Terra e construírem uma pequena colônia.
As maiores diferenças já estão muito presentes desde o início, e falarei um pouco mais sobre elas (não todas, obviamente, senão esse post ficaria maior que o próprio livro). Vamos lá?

1. A visão de dentro da Arca
Enquanto na série temos a mãe de Clarke e outros personagens na Arca, a visão do espaço no livro fica por conta de Glass, uma das quatro personagens que narram a história (os outros são Clarke, Wells e Bellamy). Glass é uma garota que foi presa por um motivo que garante uma das surpresas do livro, e que por isso teve que se separar de seu namorado. Acontece que ele nunca soube que ela foi presa e, durante o lançamento da nave, quando a garota finalmente consegue escapar e chegar à porta do apartamento do amado, descobre que ele já está namorando outra, e agora fica tarde demais para voltar à expedição para a Terra. É um plot muito bom e que poderia ter sido explorado também na série, mas como os acontecimentos seguem rumos muito diferentes, acho que Glass não teria um lugar na história. Ah, e sobre Clarke, o livro já começa com seus pais mortos, o que já muda muita coisa no enredo.

2. A obediência dos adolescentes
Na série os adolescentes são muito mais rebeldes no que no YA. Todos eles ganham braceletes que comunicarão seus sinais vitais à Arca, para que possam monitorar sua saúde e verem se não estão sendo afetados com a radiação. Isso no livro se torna obsoleto com o tempo, mas na série gera muita treta: Bellamy, líder da revolução, convence a maioria dos 100 a retirarem seus braceletes, para que a Arca não consiga saber se eles estão vivos ou não, não desçam para Terra e, bem, que se danem. Isso dá um toque muito mais sério à história, e torna ainda mais interessante.

3. O impacto das revelações
Não revelarei qual informação é essa para não dar spoilers, mas digo que algumas coisas que no livro são dadas como >a< revelação da história e "ai meu Deus que cliffhanger louco o que será que vai acontecer" na série são dadas já muito antes, e, surpreendentemente, ficam muito melhores do que foi no livro.

4. Personagens irritantes
Um dos piores personagens que já li na minha vida é Wells, o filho do Chanceler (o presidente da Arca, digamos) que dá uma mancada muito grande com Clarke e passa a história inteira (sim, ele existe só pra isso) tentando reconquistá-la e fazer com que ela entenda. E quando ela o entende, ele dá mais mancadas enormes. Mesmo que possamos entender tudo o que ele fez, ele é um personagem incrivelmente bosta (é, pois é) e acredito que o destino que foi dado a ele na série (se você já assistiu, pode lembrar facilmente o momento em que eu vibrei de felicidade) foi muito mais interessante.

5. Casais
O livro foca muito em casais. Muito. Muito mesmo. E isso me cansa. Tudo bem, eu sei, é um young adult, e é difícil um young adult que não se perca da boa história que conta só pra focar desnecessariamente em casais que nada agregam. Mas no livro isso foi bem intenso, enquanto na série os casais e os shippers também estão lá, mas de uma maneira muito mais madura e interessante. E, melhor anda: eles souberam colocar os casais de forma a agregar no enredo, enquanto no livro eles só emperraram tudo.

Ao terminar de ler, a sensação que me restou foi a de que é um livro curto demais. Mas não pelo tamanho em si (embora não seja longo mesmo), mas pelo mau aproveitamento que teve. Como falei acima, é dada uma importância imensa pra esses conflitos de casais e muita coisa que poderia ser explorada de forma muito interessante pela autora acaba por ser largada de lado. 
A única coisa de que realmente gostei no YA foi a maneira como ela narra a estupefação dos adolescentes diante da natureza pela primeira vez. Como eles eram os primeiros em muitas gerações a pisarem na Terra, senti que foi bem construída, além de bem natural, a maneira como eles não conhecem praticamente nada e ficam com medo até de uma simples chuva.
A série, ao meu ver, conseguiu captar os pontos positivos do livro e fazê-los de tornarem ainda melhores na telinha, os potencializaram. Os pontos negativos foram, de certa forma, consertados, e o seriado consegue nos apresentar uma história muito mais madura e consistente do que aquela que lemos. É como se ela valorizasse o espectador, enquanto Kass Morgan devesse pensar que compramos qualquer livro baseados nos casais e que perder muito tempo escrevendo clichezões mudando apenas a ocasião já tornaria o livro satisfatório. E isso é uma pena.
Não sei se chegarei a ler o segundo, Dia 21, mas certamente a série seguirei vendo e não pararei mais. 

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

4 comentários:

  1. Oi Adan :) Tudo bem?
    Eu amo amo a série, embora o final da 2ª temporada me tenha desiludido muito, e embora tenha ouvido e lido todas essas críticas sobre o livro também de outros bloggers e youtubers, é isso que me faz querer ler o livro. Mesmo que depois eu abandone, mas quero ler um pouquinho para ver as diferenças.
    www.fofocas-literarias.blogspot.pt

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    1. Eu abandonei a série no início da segunda, resolvi voltar, vi alguns episódios e já abandonei de novo. Mesmo que seja muito boa, acabei perdendo o interesse, mas ainda assim acho muito melhor que o livro. Neste caso, para conhecer mais as diferenças, até que o livro é recomendado hahahh

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  2. Eu vou começar a assistir essa série semana que vem e adorei o seu feedback. Deu animo para assistir ela.
    E nem sabia que era baseado em um livro. Não sei o que pensar da sua opinião sobre as diferenças da obra e da série. Só lendo e vendo para saber.
    Espero gostar.

    Post feito: http://imperfeicaoliteraria.blogspot.com.br/2015/07/top-5-minhas-editoras-favoritas.html

    Obrigada de novo.
    Bjs

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  3. Adaaaaaaaan cadê você???
    Desapareceu de novo

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