domingo, 1 de dezembro de 2013

Vamos falar sobre: Extraordinário



"Sei que não sou um garoto de dez anos comum. Quer dizer, é claro que faço coisas comuns. Tomo sorvete. Ando de bicicleta. Jogo bola. Tenho um Xbox. Essas coisas me fazem ser comum. Por dentro. Mas sei que as crianças comuns não fazem outras crianças comuns saírem correndo e gritando do parquinho. Sei que os outros não ficam encarando as crianças comuns aonde quer que elas vão." 
Assim começa o livro Extraordinário (318 páginas, R.J. Palacio, Intrínseca), que conta a história de August Pullman, um garoto com um "pacote" de deficiências que fez com que seu rosto fosse completamente diferente dos outros (pra resumir, deformado, mas depois de simpatizar tanto com o personagem não me sinto à vontade usando essa palavra para descreve-lo). Por causa de um problema em seus genes, vários tipos de síndromes se combinaram e fizeram isso com seu rosto, e nem as inúmeras cirurgias que fez durante sua vida conseguiram torna-lo um garoto com uma aparência... comum. Por isso, tem que conviver com olhares espantados (ou pior, olhares de piedade) de pessoas que se deparam com ele na rua, com comentários maldosos de crianças que são cruéis mesmo sem intenção, e com pessoas a todo momento olhando-o e desviando o olhar quando veem que ele percebeu. Auggie, como é apelidado, se acostumou com tudo isso, mas sempre acabam atingindo-o de alguma maneira. 
Por conta de suas cirurgias ele nunca pôde frequentar uma escola normal e sempre teve aulas em casa com sua mãe. Mas agora, aos 10 anos, seus pais chegaram ao acordo de que deveria entrar para uma escola, e lá foi August para o quinto ano da Beecher Prep. Lá, ele tem que conviver com todo o bullying, toda a estranheza, todos os boatos (como por exemplo um de que quem o tocasse teria 3 segundos para lavar as mãos antes de contrair sua praga), mas também com algumas pessoas que querem realmente ser suas amigas, como Summer, uma garota um tanto popular que resolve se sentar na mesa dele (que, por sinal, todos evitavam) no primeiro dia de aula.

O livro narra toda a sua adaptação e, o que mais gostei, o impacto que tem sobre a vida de outras pessoas narrado por elas próprias. Além de Auggie, temos diversos outros narradores: Summer e Jack, seus amigos de escola, Via, sua irmã, Justin e Miranda, o namorado e uma amiga de Via. Cada um conta a sua história e o modo como August interferiu nela. 
A parte que mais gostei foi a narrada por Via, porque, por mais que a história seja centrada em seu irmão, vemos todos os dilemas que enfrenta e que tem que superar sozinha, já que a atenção da família está toda voltada às necessidades do garoto. Ela já se acostumou com isso, claro, mas dói querer desabafar sobre os problemas de escola com a mãe e não poder porque ela está cuidando do irmão.
É narrado em primeira pessoa, mas essa mudança de personagens faz com que tenhamos uma visão muito mais ampla da história e que não fiquemos só nos dilemas de Auggie, mesmo que eles sejam os mais importantes. 
Os capítulos são bem curtos, de no máximo quatro páginas, o que fez com que eu terminasse de ler muito rápido. De "só mais um capítulo" em "só mais esse, e depois eu paro" terminei a história em dois dias. 
Temos toda a doçura e inocência do garoto que, em seus 10 anos, é jovem demais para já ter passado por tudo o que passou. E no decorrer da história podemos perceber um amadurecimento do narrador, que deixou de ser aquele garotinho que não conhecia praticamente nada do lado de fora da redoma sob a qual vivia. 
A história prende o leitor facilmente e os personagens são carismáticos, o que faz com que criemos uma empatia com eles. Entendemos suas situações, tomamos suas dores, realmente nos afeiçoamos.
E aprendemos também que devemos olhar como iguais para todos, por mais diferentes que eles sejam. Olhar com piedade não é melhor do que olhar com preconceito. Cochichar não é melhor do fazer comentários a plenos pulmões. Ambos os jeitos os machucam. O que devemos é olha-los como se fossem iguais a nós, trata-los como se fossem iguais, o que no fundo é verdade. Afinal, mesmo que por fora sejamos diferentes, por dentro todos somos extraordinários.
"Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo. - Auggie"
Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

4 comentários:

  1. Ótima resenha,estou louco para ler esse livro.
    Adorei seu blog e já estou seguindo. Dá uma passadinha lá depois
    http://umviciadoemlivros.blogspot.com.br/

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  2. Esse livro é tão lindo ;)
    Foi uma das minhas melhores leituras do ano, aliás adorei a resenha.
    Bjs
    http://aculpaedosleitores.blogspot.com.br/

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  3. Amei a resenha, parece ser um livro interessantíssimo e-e
    Já estou seguindo o blog, abç

    http://testraliosedragoes.blogspot.com.br/

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  4. Não sei porque ainda não comprei esse livro... Seu preço é acessível e a história é super interessante! Gostei muito da sua resenha e acho que vou adorar o livro em si. Muito bom saber que os capítulos são curtos, sinal de que vou devorá-lo logo :)
    Beijos, Lis.
    ourbooksontheshelf.blogspot.com.br

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