domingo, 30 de novembro de 2014

Vamos falar sobre: Princesa Mecânica



                                - Contém spoilers de Anjo Mecânico e Príncipe Mecânico - 

Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre Princesa Mecânica, o volume que encerra a trilogia As Peças Infernais, de Cassandra Clare. 
Nele, continuamos acompanhando a vida dos Caçadores de Sombas do Instituto de Londres, que lutam contra Mortmain e seu exército de autômatos, que estão cada vez mais desenvolvidos.
No final do livro anterior, Príncipe Mecânico, Jem pede Tessa em casamento, justo quando Will descobre que sua maldição na verdade não existia, e que ele está livre para finalmente declarar seu amor à garota. Se a saia já era justa entre esses três, agora ficou ainda pior. E se o triângulo amoroso já incomodava, agora então... mas mais tarde falarei sobre isso.
No fim do volume anterior conhecemos também Cecily Herondale, irmã de Will, que foi até o Instituto para traze-lo de volta, "salva-lo dos Caçadores de Sombras maus" e leva-lo de volta para família. A questão é que a garota passa a ser treinada como uma Caçadora, e acaba se revelando uma boa lutadora, de grande utilidade nas missões, além de uma personagem muito legal.
Charlotte, que no último volume descobre estar grávida, sempre governou muito bem o Instituto, mas agora encontra um grande desafio: o Cônsul Wayland quer tira-la de sua posição e, para isso, usará de meios um tanto sujos.
Nesse livro conhecemos mais os irmãos Lighwood, Gabriel e Gideon, que se mudam para o Instituto depois de certos problemas com seu corrupto pai, que se envolveu nos planos de Mortmain.
O Príncipe Mecânico, obstinado em conseguir capturar Tessa para concluir seus planos (que ainda são um mistério), compra e confisca todos os estoques existentes de yin fen, a droga da qual Jem necessita para sobreviver, além de realizar ataques diretos e usar de artimanhas sobre as quais não darei mais detalhes para estragar a sua leitura.



No geral, é uma boa conclusão para a trilogia. Cassandra Clare conseguiu concluir aquilo que começou, não deixando pontos soltos. Tudo, no final, teve uma explicação, e os personagens ganharam um bom rumo. A escrita de Clare evoluiu muito desde Os Instrumentos Mortais, o que falo em todas as resenhas dos livros dessa trilogia.
Se tem uma coisa que já vinha percebendo em seus livros, mas neste ficou muito claro, é a divisão que ela faz em sua narrativa, o que dá à obra um ar de série de TV. É claramente perceptível a divisão por "plots" que a autora faz. Nós temos uma cena com determinados personagens acontecendo, e essa cena é concluída ou terminada com um leve cliffhanger para que se pule para outra, e é como se cada capítulo fosse um episódio, ou pelo menos parte de um, e, no geral, é como se o livro tivesse sido uma temporada. Isso já deixa claro que não haveria como esse livro ser adaptado para um filme, e é como se Cassie pedisse para que se tornasse uma série de televisão. Ou talvez uma novela.
Se fosse apenas como uma série de televisão não haveria reclamação alguma, mas a questão é que o livro tem ares de novela. E não uma novela qualquer, mas uma novela mexicana, dessas bem dramáticas. Os plots sobre os quais falei raramente são de cenas de ação. Tratam-se, em sua maioria, de casais em algum canto do Instituto, em diálogos que transbordam mel. Os personagens não são humanos, algo que sempre elogio quando percebo em um livro, mas sim adolescentes um tanto idealizados, típico cavalheiros de romances ingleses (se bem que até em Jane Austen esses cavalheiros são mais... reais).
Se antes a minha única reclamação sobre os livros da série era o triângulo amoroso Will-Jem-Tessa, agora temos romance por todo canto. Mesmo que ganhem uma história própria, é como se muitos dos personagens novos fossem acrescentados com o intuito de formar novos casais, e as cenas de ação, que eram muito mais presentes nos outros livros, ficam em segundo plano para dar espaço ao tão chato mimimi.



















Enquanto lia, me senti assistindo a um episódio de Malhação. A única diferença é que se trata dessas novas e imbecis temporadas, e se passa em outra época, em outro país. 
Cassandra Clare parece mais preocupada com os shippers (casais) do que com qualquer outra coisa, e para isso passa tempo demais focando nesses casais e desenvolvendo situações e diálogos forçados para que as leitoras passem a torcer por eles. Parece ser a única explicação plausível para as muitas e muitas páginas de mimimi e poucas páginas de ação de fato. 
Nos momentos em que resolve criar a ação, Cassandra o faz muito bem, e são momentos de tirar o fôlego. O único problema é que são poucos, e a animação é logo arrebatada por cenas melosas e anticlímax. 
Se o primeiro livro de uma série fosse assim eu sequer o terminaria, e se fosse o segundo eu dificilmente prosseguiria com a série, mas como é o último volume não poderia simplesmente abandona-lo. Essa foi a única coisa que me motivou a termina-lo, e, mesmo considerando um desfecho muito bom, não conseguiu tirar o gosto de novela mexicana. 
O que começou como uma série de aventura terminou como um meloso romance, no qual toda a aventura caiu para segundo plano, ou foi usada apenas como um instrumento para mais romance. 
Mesmo que eu não tenha demorado tanto para termina-lo, foi um grande desafio, e dificilmente voltarei a ler alguma novela obra de Cassandra Clare novamente.
Se você já começou a ler a trilogia, não há como fugir sem ficar com uma grande história incompleta, mas não recomendaria como um livro avulso de jeito nenhum (a não ser que você esteja procurando por um romance açucarado. Neste caso o livro não irá te desapontar). 

Até a próxima ;D

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